sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

A propósito do aborto

Confesso que não ando a par dos debates acerca do aborto porque tenha a minha opinião formada há muito tempo. Embora seja claramente a favor da despenalização, não quero com isto dizer que aprovo a prática indiscriminada. E estou convicto de que não se trata de um qualquer paradoxo.
Respeito as mulheres que, em consciência, o decidem fazer. Alguém acredita que um aborto seja algo que se faz de ânimo leve?
Este é precisamente um dos pontos que não compreendo nos apoiantes do “não” – defender a ideia absurda de que agora em diante os abortos vão ser feitos em massa, demonstra falta de sensibilidade e desrespeito em relação ao próprio ser humano.
A isto junta-se a incoerência em aceitar, com base na actual lei, o aborto nos casos de violação. Mesmo sendo fruto de um acto indesejado, segundo a óptica dos opositores ao aborto, trata-se à mesma de um ser humano. Então porquê a excepção? O argumento da defesa da vida perde assim todo o sentido.
Mais recente é a balela de que as várias posições dentro do “não” são favoráveis ao movimento. Caros senhores, sejam honestos, sabem tão bem ou melhor que eu que a discórdia só iria atrapalhar uma eventual vitória.
A verdadeira ameaça ao “sim” é a abstenção, por isso fica aqui o meu apelo ao voto.

Nota: Marcelo Rebelo de Sousa não conseguiu disfarçar a sua petulância e parcialidade. O exercício – semelhante ao de Pacheco Pereira – de tentar modificar a sua imagem junto do público acabou por sair gorado. Afinal de contas, é sempre difícil desempenhar um papel que não é o nosso.

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